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terça-feira, 11 de novembro de 2014

Janela

Nenhuma borboleta, azul ou branca, diante da janela.
Nenhuma rolinha no terreiro
Nenhuma fada, nenhum duende no quintal;
Nenhum quintal.




Até os monstros desapareceram.
As sombras nas paredes são apenas sombras
O chão não mais se abre como uma bocarra gigante debaixo dos pés, querendo engolir o mundo-menino à noite;
No entanto, vivo em queda livre num breu crescente e infinito.

Às vezes quero chorar...
Na verdade, às vezes choro.
Mas o pranto não são lágrimas nem pérolas.
Ora! O pranto deve ser algo que valha um tesouro ou um mistério. O pranto deve ser uma transição do nada para uma esperança.
_ Eis aí o caminho do império.

Choro. Ah, choro!
Mas choro apenas para lubrificar os olhos, já que o mundo,
_ o mundo iluminado, o mundo do homem _,
O mundo é cegante, reluzente, e a vida...
A vida é cega e usa óculos escuros.

Nenhuma borboleta diante da janela
Nenhuma janela, nenhum quintal;
Mas há um pássaro que canta na gaiola
E um horizonte, distante, para o imaginário.

Lá, aonde o sol descansa, hão de ouvir-se o canto.


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